
A escritora Zélia Gattai, autora de "Anarquistas Graças a Deus" e viúva de Jorge Amado, morreu aos 91 anos na tarde deste sábado, informou o hospital onde ela estava internada.
Ela estava Hospital da Bahia, em Salvador, desde meados de abril, quando passou por uma cirurgia no intestino.
Segundo boletim médico divulgado nesta manhã, o estado de saúde dela havia evoluido com gravidade e o quadro clínico de choque circulatório era irreversível. O hospital ainda não divulgou o horário exato da morte nem mais detalhes.
Gattai foi a quinta mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras. No ano de 2001, ela sucedeu o escritor baiano na cadeira número 23, após sua morte no mesmo ano, aos 88 anos.
Ela estava Hospital da Bahia, em Salvador, desde meados de abril, quando passou por uma cirurgia no intestino.
Segundo boletim médico divulgado nesta manhã, o estado de saúde dela havia evoluido com gravidade e o quadro clínico de choque circulatório era irreversível. O hospital ainda não divulgou o horário exato da morte nem mais detalhes.
Gattai foi a quinta mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras. No ano de 2001, ela sucedeu o escritor baiano na cadeira número 23, após sua morte no mesmo ano, aos 88 anos.
Filha e neta de imigrantes italianos, Gattai nasceu na cidade de São Paulo no dia 2 de julho de 1916. Envolvida na luta política operária de sua família, conheu Amado anos depois, no movimento pela anistia dos presos políticos, em 1945.
"Ela é uma escritora de personalidade própria", disse na época da eleição para a ABL o presidente da casa, Tarcísio Padilha. "Há escritores que escrevem muito bem, mas, quando o livro acaba, deixa uma sensação de vazio. Ela não, ela capta a alma. E é uma grande figura humana."
O primeiro e mais famoso romance de Gattai, "Anarquistas Graças a Deus", sobre a vida de seus pais imigrantes na capital paulista no começo do século 20, foi escrito e publicado quando ela já tinha 63 anos.
"A confiança que Jorge depositou em mim assustou-me, comoveu-me", lembrou Gattai em seu discurso de posse na ABL. "Pois o conhecia demais para saber que jamais ele me exporia ao ridículo, aconselhando-me a escrever um livro se não me achasse capaz de fazê-lo."
Gattai abdicou o uso de seu nome de casada, e assinou o livro com seu nome de solteira. "Não quis andar de muletas escorada por tão famoso marido", disse. "Se o livro agradar, pensei, que tenha sucesso pelo que ele valha."
Além dele, sua obra é composta por outros dez livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance, "Crônica de uma Namorada", de 1995. Seus livros foram traduzidos para o francês, italiano, espanhol, alemão e russo.
Gattai teve três filhos. O primeiro, Luiz Carlos, veio com o casamento com o intelectual e militante do Partido Comunista Aldo Veiga, com quem se casou aos 20 anos, em São Paulo.
Foi na década de 1930, na efervescente São Paulo, que tornou-se amiga de diversos intelectuais da época, como Oswald de Andrade, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Rubem Braga e Vinícius de Moraes.
Com Jorge Amado, com quem viveu por 56 anos, teve seu segundo filho, João Jorge, no Rio de Janeiro. Paloma, a terceira, nasceu em Praga, durante o exílio de cinco anos do casal na Europa, a partir de 1948, quando o Partido Comunista, do qual o escritor fazia parte, foi considerado ilegal.
Na passagem pela França e outros países europeus, conheceram Pablo Neruda, Jean-Paul Satre, Simone Beauvoir, Picasso. Foi nesse período que Gattai passou a registrar através de fotografias os momentos mais importantes do escritor baiano, reunidos na fotobiografia "Reportagem Incompleta", de 1987.
No início da década de 1960, o casal mudou-se para Salvador, Bahia, no bairro do Rio Vermelho. Os dois moraram na mesma casa até a morte de Amado. As cinzas do escritor foram espalhadas em torno de uma mangueira da casa.
Os últimos trabalhos de Gattai foram "Códigos de Família" (2001), "Jorge Amado -- Um baiano romântico e sensual" (2002), parceria com os filhos Paloma e João Jorge, "Memorial do amor" (2004) e "Vacina de sapo e outras lembranças" (2005).
Nenhum comentário:
Postar um comentário