Ricardo Santos, pai de Larissa, de 8 anos, que recebeu uma das córneas do menino João Roberto, disse, na tarde desta quarta-feira (9), que quer conhecer os pais de garoto, morto ao ser baleado por policiais militares na Tijuca, na Zona Norte do Rio. A outra córnea do menino será transplantada na quinta-feira."Eu quero conhecer o pai da criança. Esse gesto que ele fez vai servir de exemplo para muita gente, no mundo todo", falou.
Larissa ficou cega de um olho há dois meses, depois de ser infectada por uma bactéria. Nesta quarta de manhã, no Hospital municipal de Piedade, recebeu uma das córneas de João Roberto e a chance de enxergar novamente. O fechamento do único banco de olhos do Rio, por falta de dinheiro, já impediu a realização de dois transplantes. Três mil pessoas ainda esperam por um transplante de córnea no Rio. E na terça, o único banco de olhos do estado, que funciona aqui no Hospital Geral de Bonsucesso, parou de funcionar por falta de verbas, segundo a direção.
As córneas de João Roberto, captadas segunda-feira, logo após a morte cerebral do menino, foram as últimas recebidas. Outras duas, oferecidas nesta quarta-feira pelo Hospital Carlos Chagas, não puderam ser aproveitadas, porque o banco não tem nem mesmo o líquido usado para conservar as córneas.
A unidade pertencia à Sociedade Brasileira de Oftalmologia, mas para cumprir exigências do Ministério da Saúde, passou a funcionar dentro de um hospital, em 2006. Em março do mesmo ano, o banco foi fechado para obras. Nove meses depois, reabriu, com patrocínio da Petrobras, mas o contrato com a estatal não foi renovado.
Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o pedido de cadastramento da instituição no Sistema Único de Saúde, o SUS, está sendo analisado. Os 13 funcionários não recebem há dois meses. A Petrobras informou que o convênio era responsabilidade de uma área de negócios da empresa e foi transferido para a comunicação institucional. O setor está avaliando o caso e deverá ter uma resposta nos próximos dias.
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